quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Adeus

- Eu sou um cavaleiro de Atena. Se você continuar, serei obrigado a matá-la.

Uma lágrima escorreu por seu rosto enquanto pronunciava essas palavras.

- Você não teria coragem de me matar. Não depois de tudo que vivemos.

E prosseguiu caminhando ao longo da sala, passando pelo cavaleiro, que empunhava uma das espadas da Armadura de Ouro de Libra. Enquanto ela passava calmamente olhando para o rosto do cavaleiro, este permanecia imóvel. Seus corpo todo estava tenso, os olhos ocultos pela face curvada para baixo, encarando algum vazio invisível ao longe. Controlando a respiração, ele se sentia afundar nos batimentos de seu coração e no suor que escorria pelo rosto. Apertou com mais força o punho da espada e engoliu em seco quando ela passou por ele. Não conseguia olhar, muito menos se virar. Ouvia os passos dela, calmos, lentos, distanciando-se cada vez mais. À sua frente, apenas sangue dos demais cavaleiros mortos. É verdade que ele a havia amado. Amado mais que todas as coisas, amado mais que a si próprio. Amado ao ponto de haver esquecido o verdadeiro motivo pelo qual vivia até então, de haver esquecido de onde provinham suas forças, esquecido o que conferia sentido à sua vida. Não podia acreditar no que aquele amor o havia transformado. Outra lágrima escorreu de seu rosto. Nenhuma palavra. A garganta seca. Virou-se e, num golpe preciso e certeiro, atravessou com sua espada o peito da moça. Ela olhou para trás, os olhos arregalados, molhados, fixos naquele homem. Ele, olhando para baixo, escondendo uma vez mais o olhar, denunciado apenas pelas lágrimas que insistiam em escorrer e molhar o chão. Silêncio. O corpo dela desliza inerte pela lâmina e cai no chão. Os olhos continuam abertos, perplexos, encarando eternamente seu algoz. Ele se vira e vai embora. Os companheiros que assistiam de longe, imóveis pelo feitiço sofrido, se apressam para saudar seu salvador. Ele passa por eles em silêncio. Larga a espada no chão, antes de começar a descer a escadaria do Santuário, e vai embora.

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