terça-feira, 27 de agosto de 2013
Reino de Havana
(...) E o Rei, vendo que a turba agitada se aproximava empunhando foices e tochas, correu atrás do Bobo da Corte. As vozes clamavam por justiça e vingança. Sangue deveria ser derramado. O Rei aparece com o Bobo ao seu lado sobre as altas muralhas do castelo que o protegem da multidão inflamada, cujas vozes se agigantam ao ver os representantes da monarquia diante de seus olhos e, apenas por pouco, inalcançáveis para suas mãos. O Rei tenta falar, mas sua voz não é suficiente para sobrepujar o sufocante som que provém das ruas. Gesticulando, informa que o Bobo irá até eles conversar. Então, os portões do castelo são abertos com cuidado, protegidos por vários guardas para conter o avanço da multidão. Por um estreito corredor, sai o bobo. Um estrondo indica o fechamento dos portões atrás de si. Não havia mais caminho de volta. Inutilmente o homem tenta conversar, já cercado pelos camponeses raivosos. Levam-no e torturam-no enquanto discutem se devem decapitá-lo na guilhotina ou amarrá-lo a uma fogueira. Enquanto agridem de todas as formas o Bobo, vociferam que é melhor o próximo a ocupar seu cargo ser melhor sucedido, caso contrário o povo novamente se fará ouvir. Resolvem entregar o homem aos cães famintos e, o que sobrar, jogar ao fogo. Sange foi derramado, o desejo da multidão foi satisfeito. Enquanto isso, ao longe, o Rei assiste por cima da muralha, apenas acenando para seu povo furioso, no meio do qual alguns homens comentam, orgulhosos, como seu bom Rei permitiu que a justiça fosse feita.
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