Ver a morte de perto abre os olhos para a vida.
Exageramos o valor da vida,
até perceber que ela não é nada.
Ela vem... ela vai.
Estamos muito distanciados da morte.
Só a conhecemos pelo jornal ou
nos filmes e novelas da TV.
Só ouvimos dizer que acontece
do outro lado das telas,
no secluso abatedouro,
do outro lado da parede,
pela boca de outrem...
Na sala de espera do hospital,
no enlatado que abrimos à mesa,
no jornal cedo de domingo.
Escondemos a morte por detrás de cortinas.
Ela está perdida por aí, invisível,
enterrada.
E nada há mais valioso para o imortal
que a vida,
pois que lhe é eterna
Ilusão.
A vida vai assim como vem.
Frustrando-nos o narcisismo,
a grandiloquência que temos por nossa vida,
nada há de magnífico na morte.
E então a morte nos ensina
que nossa vida não é nada.
Não é um grande espetáculo,
aguardando o grand finale.
Na hora derradeira, não tocam as trombetas,
anjos não descem do céu,
não há lampejos de sabedoria divina,
ou últimas palavras dignas do melhor enredo.
Não, só há sujeira e dor
e,
num
instante,
o fim.
Acabou
O solo fértil logo se enrelva,
a carne podre craveja de vermes,
as pessoas...
e como vêm, se vão...
e a vida não é nada,
senão
um
instante.
Não há mal perfeito,
nem bem perfeito.
Não se preocupe com escolhas mal feitas,
não se regozije com seu próprio brilho,
não vão durar muito.
Só vida,
que leva tudo com ela,
e passa.
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