quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quem não consegue enxergar os próprios erros
sempre pensará que tudo no mundo é injusto.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Solidão

Há uma parte de mim que quer uma parte sua.
Tem outra parte em mim que repulsa uma parte de você.
Mas uma parte sem a outra, não consigo ser,
você também não pode desfazer-se em duas.
E no somatório geral, não sei qual das versões ganha
Se a que deseja ou repudia;
a que pulsa ou a que repulsa;
a que quer ou a que desquer;
a que ama ou a que odeia.

Tudo tem dois lados
O nada e o infinito, tão próximos.
O infinito nada tem que o limite,
o nada, é a ausência que não tem fim.
Os opostos são o mais próximo que algo pode chegar
Querendo fugir do Brasil,
virei as costas e fui pro mar.
Em direção ao Japão, sem pensar
Naveguei, naveguei
Só pra descobrir que voltei ao lugar de onde parti.
De tanto me afundar no amor, cheguei a odiar
Tanto naveguei nesse ódio, descobri que era feito de amor.
Amor que estragou, ódio que enterneceu
Paciência que acabou, saudade que me venceu.

Mas no fim das contas não faz diferença,
a mais doce poesia ou o mais vociferante palavrão
de nada tem valor sem que haja um ouvinte.
E assim, meu amor são palavras ao vento,
que ecoam, perdidas, vazias,
sem que você me as escute.

domingo, 7 de abril de 2013

Memória

O Sol nasce e se põe, seguido da Lua. Seus ciclos se seguem indefinidamente. Dia após dia. Os rios correm apressadamente para o mar ou desembocam, suaves, num lago, onde descansam e preguiçosamente se arrastam em direção a outro rio, outra correria. Os vegetais brilham esplendidamente sob a luz do Sol, ambiciosos por crescer, florescer, frutificar, fazer parte da alegria da vida, do milagre à volta. Em torno deles, perambulam pássaros. Doces, amáveis, divertidos. Cantos suaves, acompanhando a harmonia do vento no farfalhar das folhas, nas dobras gigantes das montanhas distantes. O mesmo vento que sussurra aos ouvidos. Que beija levemente a face. Que acaricia por dentre os botões da minha camisa entreaberta. Fecho os olhos. Entrego-me à sedução da natureza. Perco-me em doces desejos, leves afagos, românticos beijos, memórias veladas, tristezas passadas... o vento, leve como a carícia de suas mãos; o calor de seu corpo vindo do Sol; a voz que me dizia suavemente "cheguei"; a alegria de lhe ter, diluída na certeza torpe "como vai doer quando você não me amar". E afagava seus cabelos. Deslizava pela sua pele. Afundava no seu sorriso. Como podia saber que não éramos feitos um para o outro se, ao mesmo tempo, era tão bom estarmos juntos? Talvez como o brilho do Sol, que aquece a todos, mas não pertence a nenhum. E a cada dia o Sol nasce novamente, e se põe novamente. Aquece novos corações, abandona sozinhos no escuro. E segue. Inatingível, inexorável, indiferente. Simplesmente segue. Tudo mais segue. A vida segue. O rio correu, está longe, mas seus companheiros seguem atrás dele apressados, impacientes. Ocasionalmente se detêm num turbilhão, giram e giram, como os pensamentos que giram, que se detêm por um instante. E o que significa um instante na vida de um rio? Quanto tempo pode o pensamento girar até seguir novamente seu curso? Ou até o rio secar? Os pensamentos giram, sem sair do lugar. Giram pelas memórias. Sofridas memórias. Confusas memórias. Minhas memórias. Giram sem encontrar seu lugar. Não têm mais lugar. A vida seguiu, o Sol se pôs, a rosa floriu, e seu mundo acabou. Agora gira, sem saber onde parar. São apenas memórias, sem mundo, sem cara, sem gente, sem cheiro... memórias sem lugar. O Sol que agora brilha, não é o mesmo que brilhava lá. A Lua esqueceu-se de ti. Apenas você segue sem sair do lugar. Memórias, minhas memórias. Vocês não tem lugar onde repousar e por isso infestam minha mente. Não me deixam esquecer que um dia tudo foi diferente, que o mesmo Sol que agora brilha, já não brilha como em outro lugar. Que se o canto dos pássaros me enchia de alegria, agora apenas tristeza me trazem, porque fazem, de você, eu me lembrar. E saber que nosso amor se pôs e nasceu noutro lugar. Distante. Intocável. Que eu só posso, de longe, apreciar.