segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Valores
Não fique triste se for esquecido pelas pessoas a quem você dá importância, pois as únicas que importam de verdade - mesmo que você não perceba isso - são aquelas para quem você é inesquecível. São essas que realmente importam para você. Falta saber se você, de verdade, importa para elas.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Desabafo
Queria enxugar seus olhos
Com meu amor verdadeiro
Mas sei... nos momentos nossos
Seu amor me é alheio.
Mas não sei se é amor,
ou se ele é verdadeiro,
se para fugir da dor
escondo-me no seu seio
Deveras aconchegante,
Vive aí o meu receio.
Para seguir adiante
Devo perder-te primeiro.
Se é amor ou paixão,
carência ou solidão,
gula, fome ou tesão,
ou, talvez... é nada não...
Como largar esse sonho
que há tanto foi sonhado
mesmo que agora perceba
que há muito havia acordado.
Não quero, mesmo querendo...
um sonho, viver contigo
não dá p'ra seguir vivendo,
não dá p'ra seguir mentindo...
Você acha uma coisa
mas é muito diferente
não posso deixá-la solta,
não posso prender p'ra sempre
Queria entrar na sua mente
e fazer-lhe toda minha
Saber o que você sente
e fazer com que sorria
Mas se você é incógnita
muito mais sei que sou eu
como poderia ser minha
quando eu que não sou seu?
Com meu amor verdadeiro
Mas sei... nos momentos nossos
Seu amor me é alheio.
Mas não sei se é amor,
ou se ele é verdadeiro,
se para fugir da dor
escondo-me no seu seio
Deveras aconchegante,
Vive aí o meu receio.
Para seguir adiante
Devo perder-te primeiro.
Se é amor ou paixão,
carência ou solidão,
gula, fome ou tesão,
ou, talvez... é nada não...
Como largar esse sonho
que há tanto foi sonhado
mesmo que agora perceba
que há muito havia acordado.
Não quero, mesmo querendo...
um sonho, viver contigo
não dá p'ra seguir vivendo,
não dá p'ra seguir mentindo...
Você acha uma coisa
mas é muito diferente
não posso deixá-la solta,
não posso prender p'ra sempre
Queria entrar na sua mente
e fazer-lhe toda minha
Saber o que você sente
e fazer com que sorria
Mas se você é incógnita
muito mais sei que sou eu
como poderia ser minha
quando eu que não sou seu?
sábado, 16 de julho de 2011
Poemas
Mais duas poesias do fundo do baú...
INEFÁVEL
(Diego Gonçalves Nogueira)
Meu tempo dissolvi em lágrimas
Caídas sobre páginas indiferentes
Os grandes mestres se calaram
perguntei e chorei, olhos carentes
Por quê brilham as estrelas?
De onde vem o calor do Sol?
Nada faz sentido
Tenho tanto que descobrir
Ninguém respondeu.
Vários os caminhos
Segui, andei...
Cada um trilhei
Frustação de um abismo
Caiu-se sobre mim
parei e percebi
Sozinho, silêncio frio
Ecos de sussurros, ouvi:
Se vivo é por ti
Se sou, sou de ti
Sem você, digo que morri
Nâo se diz, não se escreve, não se lê;
Não ouvi, só senti, só se sabe, eu sei
[Não se diz, se sabe, eu sei] - original
Não é difícil nem doloroso
Nem é preciso ser sábio
É incompreensível, indecifrável
Por mais simples que seja
É o brilho das estrelas
O calor do Sol
A vida faz sentido
Nada mais para descobrir
Não sei em qual parada
Em qual momento
Enquanto, tolo, procurava,
Encontrei a resposta
Distraído, em ti esbarrei
Para nunca mais soltar
Minha busca de um rio findou num mar
Tenho tudo o quê sempre necessitei
Tenho VOCÊ!!!
NASCI PARA LHE AMAR!!!
A MORTE DA ALMA
(Diego Gonçalves Nogueira)
Ecoôu sob o sol, onde
fez-se um triste gelo em mim,
inopinado silêncio
Tudo que procuro se esconde,
nada diviso além de um fim
às vistas minhas fugindo
Outrora, o mundo eu anseiava
Nada mais, agora, me resta
De luz feita, sustentáva-me asa
Que, ao olhar, a vista cega
Ninguém mais tem pressa
Quando a própria cova cava
Construindo a própria flecha
que o seu peito aberto aguarda
Para baixo, olhar triste
Morte de sonhos, alegrias, assim
Sob a alma, arma em riste
Seduzindo-me ao inferno palamquim
O perdão, mesmo que muito o desejes,
Soa-me, obtê-lo, inútil e ruim,
Medo escondeu o vazio preso em [entre] paredes
Tétrico é, ao encará-lo, o jardim
Imaginação, sonho, vida, amizade
O real, vê-lo faz sentir doer
À vontade, cria-se a verdade
Que, perante o mundo, pode adoecer
Entenda-me, suplico-lhe, amigo
Só o que permanece é minha fé
Tudo mudou no mundo inteiro
Para o inferno pode ir se quiser
Para nós, sofrer é algo que persiste.
Afundar com o que ficou para trás
É insuportável suplício que pedistes,
Muito maior que qualquer dor, aliás
Coração palpita sem o ar
O peso, porém, pressiona-me
Muitas amarras a cortar
Treme, fraca, mão agindo tênue
No quintal, murchas as flores
Cinzas, mortas, sem calor
Com o amor, fogem as cores
Acabou, acabou, acabou...
Deite na neve e aceite o destino
Não esqueça a vida que passou
Meu nome, carrega com carinho
E o sangue frio que o peito derramou
Seu vôo último voou
Para sonhada liberdade
Fez-se noite a tarde
Acabou, acabou, acabou...
Uma árvore nova nasce
Da semente que resta
Quando a morte invade
E tudo mais cessa
Seu passado lhe moldou, dele leva a lembrança
Para o futuro imenso, sutil e plena promessa
Dor e prazer existirão enquanto houver uma lança
Somente à frente, o que passou não regressa
Como condição final, por favor, lhe peço
A querida morte, aceitando-a com sucesso
Seja Sol, seja chuva, calor ou inverno
Nem qualquer humor, ou qualquer um verso
A forma, não importa como lhe pareça
Como quiz, vida nova fêz-se, não esqueça
Se encontra-me um dia, por favor, não me reconheça!
INEFÁVEL
(Diego Gonçalves Nogueira)
Meu tempo dissolvi em lágrimas
Caídas sobre páginas indiferentes
Os grandes mestres se calaram
perguntei e chorei, olhos carentes
Por quê brilham as estrelas?
De onde vem o calor do Sol?
Nada faz sentido
Tenho tanto que descobrir
Ninguém respondeu.
Vários os caminhos
Segui, andei...
Cada um trilhei
Frustação de um abismo
Caiu-se sobre mim
parei e percebi
Sozinho, silêncio frio
Ecos de sussurros, ouvi:
Se vivo é por ti
Se sou, sou de ti
Sem você, digo que morri
Nâo se diz, não se escreve, não se lê;
Não ouvi, só senti, só se sabe, eu sei
[Não se diz, se sabe, eu sei] - original
Não é difícil nem doloroso
Nem é preciso ser sábio
É incompreensível, indecifrável
Por mais simples que seja
É o brilho das estrelas
O calor do Sol
A vida faz sentido
Nada mais para descobrir
Não sei em qual parada
Em qual momento
Enquanto, tolo, procurava,
Encontrei a resposta
Distraído, em ti esbarrei
Para nunca mais soltar
Minha busca de um rio findou num mar
Tenho tudo o quê sempre necessitei
Tenho VOCÊ!!!
NASCI PARA LHE AMAR!!!
A MORTE DA ALMA
(Diego Gonçalves Nogueira)
Ecoôu sob o sol, onde
fez-se um triste gelo em mim,
inopinado silêncio
Tudo que procuro se esconde,
nada diviso além de um fim
às vistas minhas fugindo
Outrora, o mundo eu anseiava
Nada mais, agora, me resta
De luz feita, sustentáva-me asa
Que, ao olhar, a vista cega
Ninguém mais tem pressa
Quando a própria cova cava
Construindo a própria flecha
que o seu peito aberto aguarda
Para baixo, olhar triste
Morte de sonhos, alegrias, assim
Sob a alma, arma em riste
Seduzindo-me ao inferno palamquim
O perdão, mesmo que muito o desejes,
Soa-me, obtê-lo, inútil e ruim,
Medo escondeu o vazio preso em [entre] paredes
Tétrico é, ao encará-lo, o jardim
Imaginação, sonho, vida, amizade
O real, vê-lo faz sentir doer
À vontade, cria-se a verdade
Que, perante o mundo, pode adoecer
Entenda-me, suplico-lhe, amigo
Só o que permanece é minha fé
Tudo mudou no mundo inteiro
Para o inferno pode ir se quiser
Para nós, sofrer é algo que persiste.
Afundar com o que ficou para trás
É insuportável suplício que pedistes,
Muito maior que qualquer dor, aliás
Coração palpita sem o ar
O peso, porém, pressiona-me
Muitas amarras a cortar
Treme, fraca, mão agindo tênue
No quintal, murchas as flores
Cinzas, mortas, sem calor
Com o amor, fogem as cores
Acabou, acabou, acabou...
Deite na neve e aceite o destino
Não esqueça a vida que passou
Meu nome, carrega com carinho
E o sangue frio que o peito derramou
Seu vôo último voou
Para sonhada liberdade
Fez-se noite a tarde
Acabou, acabou, acabou...
Uma árvore nova nasce
Da semente que resta
Quando a morte invade
E tudo mais cessa
Seu passado lhe moldou, dele leva a lembrança
Para o futuro imenso, sutil e plena promessa
Dor e prazer existirão enquanto houver uma lança
Somente à frente, o que passou não regressa
Como condição final, por favor, lhe peço
A querida morte, aceitando-a com sucesso
Seja Sol, seja chuva, calor ou inverno
Nem qualquer humor, ou qualquer um verso
A forma, não importa como lhe pareça
Como quiz, vida nova fêz-se, não esqueça
Se encontra-me um dia, por favor, não me reconheça!
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Trovas
Não tenho tido muito tempo para escrever aqui, mas para suprir essa ausência vou deixar algumas trovas que há muito tempo fiz. Elas não tem título, de modo que quem as ler pode as nomear conforme queira...
Quiz o mundo conquistar
Voar, amar e vencer
E vendo o tempo passar
Hoje basta-me viver
O homem foi à Lua,
Dominou o mundo atômico
Mas por mais que evolua
O amor sempre é platônico
Por favor, não tenha medo
Não hesite em contar.
De que vale um segredo
que impede de sonhar?
Após tanto lhe querer,
encontrei a solução:
seu corpo irá perecer,
a falta que sinto, não!
Romantizar não funciona
Nesse mundo tão inglório
Vejo o amor pedir carona
Prum sanatório ou velório
Se um ponto fecha as frases
Três vêm com mais emoção
reticentes e loquazes
Dão vida à imaginação
Tantos sonhos pela vida
Num travesseiro deixei
Oh, criatura arrependida
Agora que os realizei
Nosso tempo, que não volta
bom mesmo por não voltar
polindo com cada lágrima
faz a saudade brilhar
Quiz o mundo conquistar
Voar, amar e vencer
E vendo o tempo passar
Hoje basta-me viver
O homem foi à Lua,
Dominou o mundo atômico
Mas por mais que evolua
O amor sempre é platônico
Por favor, não tenha medo
Não hesite em contar.
De que vale um segredo
que impede de sonhar?
Após tanto lhe querer,
encontrei a solução:
seu corpo irá perecer,
a falta que sinto, não!
Romantizar não funciona
Nesse mundo tão inglório
Vejo o amor pedir carona
Prum sanatório ou velório
Se um ponto fecha as frases
Três vêm com mais emoção
reticentes e loquazes
Dão vida à imaginação
Tantos sonhos pela vida
Num travesseiro deixei
Oh, criatura arrependida
Agora que os realizei
Nosso tempo, que não volta
bom mesmo por não voltar
polindo com cada lágrima
faz a saudade brilhar
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Prolixo
Gosto de escrever muito. Gosto e, pode-se dizer, só sei escrever muito. É um castigo para mim pedirem que escreva pouco. Não tem jeito.
Contudo, apesar disso, sei o valor de cada texto. Mais ainda, sei o valor daqueles textos que não sei escrever, das palavras que não sei dizer. As coisas que mais valem a pena serem ditas são aquelas que o podem em poucas palavras. Quando alguém fala muito, é porque o assunto tem pouco valor. São as pequenas palavras que mudam nossas vidas. Quanto menores, mais valiosas. Quanto menos palavras, mais se diz, e quanto se diz com um suspiro, um sorriso, um olhar... o silêncio...
Contudo, apesar disso, sei o valor de cada texto. Mais ainda, sei o valor daqueles textos que não sei escrever, das palavras que não sei dizer. As coisas que mais valem a pena serem ditas são aquelas que o podem em poucas palavras. Quando alguém fala muito, é porque o assunto tem pouco valor. São as pequenas palavras que mudam nossas vidas. Quanto menores, mais valiosas. Quanto menos palavras, mais se diz, e quanto se diz com um suspiro, um sorriso, um olhar... o silêncio...
Promessa
É estranho parar para pensar e observar aquilo que realmente ocorre na vida. Em geral apenas seguimos vivendo, e em geral é bom que seja assim. Mas, ocasionalmente, a gente pára e lembra e relembra e vê que não esqueceu, em momento algum. Tudo isso sem olhar para trás. Estranho, entre todas as promessas que fizemos, essa parecia tão pequena. Nunca imaginei que fosse possível levar algo assim tão a sério. Mas foi... prometemos não parar e não olhar para trás, nunca. E é assim que tem sido e, espero, assim continuará. O cumprimento de uma promessa pode ter ares de auto-elogio, mas não é. É apenas o compromisso com aquilo em que acreditamos de verdade e com as pessoas que realmente amamos. Nada mais. Nada mais importa. A vida é boa.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Era uma vez...
Alguns anos atrás passei por esta mesma cidade por onde agora perambulo. Parece tudo tão diferente, enquanto ao mesmo tempo igual. É aquela estranha sensação de se visitar um lugar conhecido noutros tempos, cuja lembrança esvaía-se tanto ao ponto de parecer que não passava disso, lembrança. E quando retornamos, percebemos que aquilo existiu de verdade e continua a existir, tendo uma vida autônoma e concreta nesses anos em que, para nós, não passou de uma velha lembrança empoeirada a ser corroída pelo tempo. Contudo, mais que a sensação de estranheza, o que me chamava atenção agora era uma bela mulher, uma desconhecida familiar, que um dia fora alvo de minhas atentas observações e conjecturas.
Tudo se passou quando, nesse passado tão distante e agora tão próximo, estava eu lotado nessa cidade para fins de trabalho. A natureza dessa estadia é o que menos interessa, uma vez que há muito larguei tal carreira, o que pode ser assunto para outro momento. Mas o fato é que estava eu por essa pacata cidade, aproveitando o ar provinciano e a calma que pairava sobre os dias e noites, enquanto me deliciava a sentar em um dos bancos da pracinha do centro, observando os transeuntes, as famílias, os pássaros, as flores...
Foi nessa condição que conheci a moça de quem falo e foi aí que conheci também um rapaz que a encontrava religiosamente naquele local e horário. Nos meus devaneios de observação, imaginava o que conversavam, o que sentiam. O que pensava um do outro? Quais planos faziam? Quais palavras de amor trocavam? E acaba que por um momento eu usurpava seu enlace para mim e vivia aquilo, sentia aquilo. Estava eu ali com aquela bela moça, fazendo planos de fugir da cidade, ou de constituir uma grande família, ou seja lá o que for.
Porém os dias passavam, eu ficava mais atento aos detalhes e acabava por me inteirar melhor da situação daqueles dois. Os encontros eram apressados, as carícias trocadas com intensidade, o olhar bastante expressivo cortando o ar e encontrando com os olhos opostos. Foi quando um dia o rapaz não apareceu. Não houve beijos enlouquecidos, carícias desconcertantes ou planos futuros. Apenas choro irrefreável que brotava dos olhos daquela bela criatura, que olhava ocasionalmente para os lados à procura de alguém, enxugava os olhos e baixava o semblante, chorando baixinho, como que lamentando para si mesma algum acontecimento terrível. Porém não era indiscreta. Não teria eu jamais percebido seu incontido choro não fosse o hábito já consolidado de a observar. Chorava sem parar, mas chorava sozinha, chorava para si só, que é para nós mesmos, e apenas nós, que faz sentido o choro da perda de quem se ama. Ninguém mais consegue compreender, sem amar. E ninguém mais percebia seu choro incansável, a não ser eu, que anonimanente havia participado da história que levava até aquela ocasião, que sabia quão forte era o desejo com que os dois apaixonados se entregavam ao amor, que sabia que havia algo de muito terrível no choro derramado por aquela bela moça de pele alva e cabelos loiros, de jeito humilde, que apenas lhe acentuava a beleza.
Nos dias seguintes continuaram as famílias a levar seus filhos, brincar com seus cães, pessoas corriam em torno da praça, as flores floresciam, os pássaros cantavam e o Sol brilhava intrépido no céu azul. Mas para alguém a vida não continuava. Assim como imaginava e partilhava as venturas amorosas daquele casal, passei a ponderar quais rumos suas vidas agora haviam tomado, quais amarguras eram aquelas por que agora passavam, e vivia isso com a mesma intensidade com que outrora vivera seu amor cujo mistério e segredo era quebrado apenas pela minha observação ociosa e habitual.
Os dias se tornaram meses, o Sol brilhante deu lugar ao inverno cinza e meu lar deixou de ser aquela cidade, meus ideais e objetivos se tornaram outros, havia necessidade de me mover. Mas agora, de volta à cidade, surpreso e feliz por encontrar alguém que não é de todo estranho e sobre cuja sorte tanto especulei, senti uma estranha sensação, uma felicidade, como quem vê um amigo há muito desaparecido, ou relembra um caso, contado por alguém, e que já mais nem se lembrava de ter acontecido. Queria agora saber o que havia sucedido com aquela mulher, qual fora o desenlace dos acontecimentos. Porém, para minha surpresa, era ela quem vinha em minha direção e me dirigia a palavra.
Perguntou se eu havia visto seu filho e descreveu o menino. Foi uma sensação muito estranha essa aproximação inopinada, como se toda aquela imparcialidade de tantos anos fosse repentinamente destruída. Era como se a moça do tempo da TV resolvesse me perguntar se acho que vai chover. Respondi que não, mas fiquei satisfeito com a sua voz. Era exatamente como eu imaginava. Ela seguiu na direção de outras pessoas, repetindo a mesma pergunta, eu presumo.
Logo em seguida vi passar um outro homem, que nunca tinha visto antes, com o menino descrito, indo em direção à mulher e anunciando aliviado que havia encontrado a criança. Aproximando-se, o casal se beijou, depois do que a mulher passou a ralhar com o menino reencontrado. Devo confessar que me senti decepcionado. Por tanto tempo imaginei o que havia acontecido àquela moça, quais tormentas por que passara, quais loucuras de amor cometera, como seria difícil para ela viver sem seu amado. Mas posso saber que se o amor só é compreendido por quem ama, para quem o inveja é muito mais forte. Se aquela moça havia esquecido o amor que um dia viveu, isso eu não conseguia fazer, e sonhei bom tempo da minha vida com um amor verdadeiro e intenso como aquele, que agora se desfazia em meio à desilusão. Afinal, de que vale o amor, se impreterivelmente um dia tem seu fim? Ou mais ainda, de que vale, se conseguimos suportar tão bem esse fim?
Mas enquanto ia embora, não pude deixar de notar, num bar de esquina de péssimo nível um homem, bastante sujo e bêbado ser colocado para fora a pontapés. Era ele, o rapaz com quem a moça costumava se encontrar. Apressei-me por ir embora, não queria saber o que havia acontecido com ele. Mas se as esperanças de um amor verdadeiro se esvaem, pelo menos na imaginação pode permanecer vivo. E assim, corri para mantê-lo.
Tudo se passou quando, nesse passado tão distante e agora tão próximo, estava eu lotado nessa cidade para fins de trabalho. A natureza dessa estadia é o que menos interessa, uma vez que há muito larguei tal carreira, o que pode ser assunto para outro momento. Mas o fato é que estava eu por essa pacata cidade, aproveitando o ar provinciano e a calma que pairava sobre os dias e noites, enquanto me deliciava a sentar em um dos bancos da pracinha do centro, observando os transeuntes, as famílias, os pássaros, as flores...
Foi nessa condição que conheci a moça de quem falo e foi aí que conheci também um rapaz que a encontrava religiosamente naquele local e horário. Nos meus devaneios de observação, imaginava o que conversavam, o que sentiam. O que pensava um do outro? Quais planos faziam? Quais palavras de amor trocavam? E acaba que por um momento eu usurpava seu enlace para mim e vivia aquilo, sentia aquilo. Estava eu ali com aquela bela moça, fazendo planos de fugir da cidade, ou de constituir uma grande família, ou seja lá o que for.
Porém os dias passavam, eu ficava mais atento aos detalhes e acabava por me inteirar melhor da situação daqueles dois. Os encontros eram apressados, as carícias trocadas com intensidade, o olhar bastante expressivo cortando o ar e encontrando com os olhos opostos. Foi quando um dia o rapaz não apareceu. Não houve beijos enlouquecidos, carícias desconcertantes ou planos futuros. Apenas choro irrefreável que brotava dos olhos daquela bela criatura, que olhava ocasionalmente para os lados à procura de alguém, enxugava os olhos e baixava o semblante, chorando baixinho, como que lamentando para si mesma algum acontecimento terrível. Porém não era indiscreta. Não teria eu jamais percebido seu incontido choro não fosse o hábito já consolidado de a observar. Chorava sem parar, mas chorava sozinha, chorava para si só, que é para nós mesmos, e apenas nós, que faz sentido o choro da perda de quem se ama. Ninguém mais consegue compreender, sem amar. E ninguém mais percebia seu choro incansável, a não ser eu, que anonimanente havia participado da história que levava até aquela ocasião, que sabia quão forte era o desejo com que os dois apaixonados se entregavam ao amor, que sabia que havia algo de muito terrível no choro derramado por aquela bela moça de pele alva e cabelos loiros, de jeito humilde, que apenas lhe acentuava a beleza.
Nos dias seguintes continuaram as famílias a levar seus filhos, brincar com seus cães, pessoas corriam em torno da praça, as flores floresciam, os pássaros cantavam e o Sol brilhava intrépido no céu azul. Mas para alguém a vida não continuava. Assim como imaginava e partilhava as venturas amorosas daquele casal, passei a ponderar quais rumos suas vidas agora haviam tomado, quais amarguras eram aquelas por que agora passavam, e vivia isso com a mesma intensidade com que outrora vivera seu amor cujo mistério e segredo era quebrado apenas pela minha observação ociosa e habitual.
Os dias se tornaram meses, o Sol brilhante deu lugar ao inverno cinza e meu lar deixou de ser aquela cidade, meus ideais e objetivos se tornaram outros, havia necessidade de me mover. Mas agora, de volta à cidade, surpreso e feliz por encontrar alguém que não é de todo estranho e sobre cuja sorte tanto especulei, senti uma estranha sensação, uma felicidade, como quem vê um amigo há muito desaparecido, ou relembra um caso, contado por alguém, e que já mais nem se lembrava de ter acontecido. Queria agora saber o que havia sucedido com aquela mulher, qual fora o desenlace dos acontecimentos. Porém, para minha surpresa, era ela quem vinha em minha direção e me dirigia a palavra.
Perguntou se eu havia visto seu filho e descreveu o menino. Foi uma sensação muito estranha essa aproximação inopinada, como se toda aquela imparcialidade de tantos anos fosse repentinamente destruída. Era como se a moça do tempo da TV resolvesse me perguntar se acho que vai chover. Respondi que não, mas fiquei satisfeito com a sua voz. Era exatamente como eu imaginava. Ela seguiu na direção de outras pessoas, repetindo a mesma pergunta, eu presumo.
Logo em seguida vi passar um outro homem, que nunca tinha visto antes, com o menino descrito, indo em direção à mulher e anunciando aliviado que havia encontrado a criança. Aproximando-se, o casal se beijou, depois do que a mulher passou a ralhar com o menino reencontrado. Devo confessar que me senti decepcionado. Por tanto tempo imaginei o que havia acontecido àquela moça, quais tormentas por que passara, quais loucuras de amor cometera, como seria difícil para ela viver sem seu amado. Mas posso saber que se o amor só é compreendido por quem ama, para quem o inveja é muito mais forte. Se aquela moça havia esquecido o amor que um dia viveu, isso eu não conseguia fazer, e sonhei bom tempo da minha vida com um amor verdadeiro e intenso como aquele, que agora se desfazia em meio à desilusão. Afinal, de que vale o amor, se impreterivelmente um dia tem seu fim? Ou mais ainda, de que vale, se conseguimos suportar tão bem esse fim?
Mas enquanto ia embora, não pude deixar de notar, num bar de esquina de péssimo nível um homem, bastante sujo e bêbado ser colocado para fora a pontapés. Era ele, o rapaz com quem a moça costumava se encontrar. Apressei-me por ir embora, não queria saber o que havia acontecido com ele. Mas se as esperanças de um amor verdadeiro se esvaem, pelo menos na imaginação pode permanecer vivo. E assim, corri para mantê-lo.
Nova justificativa!
Faz algum tempo que não realizo nenhuma nova postagem aqui no blog, o que pode facilmente ser verificado pelas datas dos meus mais recentes escritos. Todavia, não são muitos, nada que justifique uma audiência assídua e ansiosa por ler novas baboseiras por mim derramadas nessa lagoa virtual da internet. A julgar, de fato, pela audiência tida aqui então, composta predominantemente por seres espirituais, criaturas de outro mundo e pessoas de timidez arrebatadora, não há muito que justifique a pressa para postar, embora a explicação verdadeira seja muito mais que mera indulgência por parte dos meus leitores. Na verdade, simplesmente esqueci de ter um dia criado um blog. Quem ler a justificativa algumas linhas abaixo perceberá facilmente que foi o ócio que me levou a me apossar desse pequeno espaço virtual, de tal forma que, havendo sido suprimida a vagabundagem momentânea, passou a figurar como mais um minifúndio improdutivo, ainda incólume à reforma agrária virtual.
Contudo, os motivos citados anteriormente ainda não diferem demais daqueles que me movem atualmente, muito embora hoje talvez o panorama seja completamente diferente e haja resquícios de um impulso um pouco mais dignificante. Apenas recordei meu abandonado blog ao ouvir a sugestão de criar um, e, tal como pai que relembra o filho abandonado quando lhe sugerem que deveria fazer um, e decide evitar o trabalho inerente à nova criação, decidi ressuscitar das trevas este que ora é por você lido, recuperá-lo da orfandade, não sem um interesse por trás.
Assim, após toda essa explanação, que será tão lida quanto entendida pelos leitores fantasmas, justifico para mim mesmo e para qual alma penada que interessar-se possa, o intuito que me trás, que nada mais é que exercitar minha escrita, vertendo palavras em um estilo não muito familiar ou desenvolvido e que, por isso mesmo, desejo aqui treiná-lo. Cabe tão somente agora a todas as gentis e caridosas almas que proventura esbarrem com tal propriedade rural/virtual de minha autoria e propriedade, enfiada em um brejo lamacento desconhecido e de difícil acesso, jugar da beleza do canteiro que aqui espero ver florescer e me ajudar na minha tarefa de desenvolver o ofício da jardinagem e cultivo das palavras. Por enquanto o juiz serei eu mesmo, o que não deixa de ser um posto confortável, embora justamente por isso pouco produtivo. Certamente julgar-se a si mesmo é tarefa improdutiva, pois tudo que eu fizer julgarei como bem feito, uma vez que caso assim não pensasse, teria feito de outro jeito. Mas ainda assim, creio que da obra completa seja possível fazer uma idéia geral, depois de acabada, assim como uma composição, que parece soar muito bem nota por nota, parece um horror quando se ligam os instrumentos em harmonia.
Se para esse afã puder eu contar com a colaboração de algum leitor de carne e osso que por essas paragens apareça, serei grato por sua ditosa colaboração em assunto tão extenuante, ainda que tão agradável, e prometerei a ele, se não algo valioso, no mínimo os meus mais sinceros agradecimentos.
Bom, chega de conversa fiada, vamos aos textos!
Contudo, os motivos citados anteriormente ainda não diferem demais daqueles que me movem atualmente, muito embora hoje talvez o panorama seja completamente diferente e haja resquícios de um impulso um pouco mais dignificante. Apenas recordei meu abandonado blog ao ouvir a sugestão de criar um, e, tal como pai que relembra o filho abandonado quando lhe sugerem que deveria fazer um, e decide evitar o trabalho inerente à nova criação, decidi ressuscitar das trevas este que ora é por você lido, recuperá-lo da orfandade, não sem um interesse por trás.
Assim, após toda essa explanação, que será tão lida quanto entendida pelos leitores fantasmas, justifico para mim mesmo e para qual alma penada que interessar-se possa, o intuito que me trás, que nada mais é que exercitar minha escrita, vertendo palavras em um estilo não muito familiar ou desenvolvido e que, por isso mesmo, desejo aqui treiná-lo. Cabe tão somente agora a todas as gentis e caridosas almas que proventura esbarrem com tal propriedade rural/virtual de minha autoria e propriedade, enfiada em um brejo lamacento desconhecido e de difícil acesso, jugar da beleza do canteiro que aqui espero ver florescer e me ajudar na minha tarefa de desenvolver o ofício da jardinagem e cultivo das palavras. Por enquanto o juiz serei eu mesmo, o que não deixa de ser um posto confortável, embora justamente por isso pouco produtivo. Certamente julgar-se a si mesmo é tarefa improdutiva, pois tudo que eu fizer julgarei como bem feito, uma vez que caso assim não pensasse, teria feito de outro jeito. Mas ainda assim, creio que da obra completa seja possível fazer uma idéia geral, depois de acabada, assim como uma composição, que parece soar muito bem nota por nota, parece um horror quando se ligam os instrumentos em harmonia.
Se para esse afã puder eu contar com a colaboração de algum leitor de carne e osso que por essas paragens apareça, serei grato por sua ditosa colaboração em assunto tão extenuante, ainda que tão agradável, e prometerei a ele, se não algo valioso, no mínimo os meus mais sinceros agradecimentos.
Bom, chega de conversa fiada, vamos aos textos!
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