Mais duas poesias do fundo do baú...
INEFÁVEL
(Diego Gonçalves Nogueira)
Meu tempo dissolvi em lágrimas
Caídas sobre páginas indiferentes
Os grandes mestres se calaram
perguntei e chorei, olhos carentes
Por quê brilham as estrelas?
De onde vem o calor do Sol?
Nada faz sentido
Tenho tanto que descobrir
Ninguém respondeu.
Vários os caminhos
Segui, andei...
Cada um trilhei
Frustação de um abismo
Caiu-se sobre mim
parei e percebi
Sozinho, silêncio frio
Ecos de sussurros, ouvi:
Se vivo é por ti
Se sou, sou de ti
Sem você, digo que morri
Nâo se diz, não se escreve, não se lê;
Não ouvi, só senti, só se sabe, eu sei
[Não se diz, se sabe, eu sei] - original
Não é difícil nem doloroso
Nem é preciso ser sábio
É incompreensível, indecifrável
Por mais simples que seja
É o brilho das estrelas
O calor do Sol
A vida faz sentido
Nada mais para descobrir
Não sei em qual parada
Em qual momento
Enquanto, tolo, procurava,
Encontrei a resposta
Distraído, em ti esbarrei
Para nunca mais soltar
Minha busca de um rio findou num mar
Tenho tudo o quê sempre necessitei
Tenho VOCÊ!!!
NASCI PARA LHE AMAR!!!
A MORTE DA ALMA
(Diego Gonçalves Nogueira)
Ecoôu sob o sol, onde
fez-se um triste gelo em mim,
inopinado silêncio
Tudo que procuro se esconde,
nada diviso além de um fim
às vistas minhas fugindo
Outrora, o mundo eu anseiava
Nada mais, agora, me resta
De luz feita, sustentáva-me asa
Que, ao olhar, a vista cega
Ninguém mais tem pressa
Quando a própria cova cava
Construindo a própria flecha
que o seu peito aberto aguarda
Para baixo, olhar triste
Morte de sonhos, alegrias, assim
Sob a alma, arma em riste
Seduzindo-me ao inferno palamquim
O perdão, mesmo que muito o desejes,
Soa-me, obtê-lo, inútil e ruim,
Medo escondeu o vazio preso em [entre] paredes
Tétrico é, ao encará-lo, o jardim
Imaginação, sonho, vida, amizade
O real, vê-lo faz sentir doer
À vontade, cria-se a verdade
Que, perante o mundo, pode adoecer
Entenda-me, suplico-lhe, amigo
Só o que permanece é minha fé
Tudo mudou no mundo inteiro
Para o inferno pode ir se quiser
Para nós, sofrer é algo que persiste.
Afundar com o que ficou para trás
É insuportável suplício que pedistes,
Muito maior que qualquer dor, aliás
Coração palpita sem o ar
O peso, porém, pressiona-me
Muitas amarras a cortar
Treme, fraca, mão agindo tênue
No quintal, murchas as flores
Cinzas, mortas, sem calor
Com o amor, fogem as cores
Acabou, acabou, acabou...
Deite na neve e aceite o destino
Não esqueça a vida que passou
Meu nome, carrega com carinho
E o sangue frio que o peito derramou
Seu vôo último voou
Para sonhada liberdade
Fez-se noite a tarde
Acabou, acabou, acabou...
Uma árvore nova nasce
Da semente que resta
Quando a morte invade
E tudo mais cessa
Seu passado lhe moldou, dele leva a lembrança
Para o futuro imenso, sutil e plena promessa
Dor e prazer existirão enquanto houver uma lança
Somente à frente, o que passou não regressa
Como condição final, por favor, lhe peço
A querida morte, aceitando-a com sucesso
Seja Sol, seja chuva, calor ou inverno
Nem qualquer humor, ou qualquer um verso
A forma, não importa como lhe pareça
Como quiz, vida nova fêz-se, não esqueça
Se encontra-me um dia, por favor, não me reconheça!
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