domingo, 5 de maio de 2013

O abismo e o amor

Estou com medo. Meu coração está disparado. Sinto frio na barriga. Não consigo dormir.

Estou morrendo de medo. Não consigo parar de pensar. Não consigo pensar direito. Não sei se tenho fome, ou se é outro o vazio que sinto dentro de mim.

Mas estou com medo. Medo do que sinto estar crescendo dentro de mim. É amor. Puro e verdadeiro. Enorme e arrebatador. Não dá espaço para mais nada. Paro para uma nova olhada. Sim, é amor. Um amor muito grande e inesperado. Um amor que eu jamais poderia esperar.

Afinal, quando esse amor surgiu? Desde quando está ali apertando meu peito, tirando meu fôlego, tomando minha mente? De onde vem esse amor, que chega furtivo, que invade sutilmente, que toma de uma vez só todo o meu domínio?

Mas é amor. Grandioso e belo amor. Amor por você! Não consigo pensar em outra coisa. Se ligo a TV, qualquer programa só faz lembrar você. Se penso nas montanhas do Himalaia, só fico imaginando como seria estarmos os dois lá em cima. Apreciarmos a vista, dividir o momento, trocar olhares e suspiros.

Sem dúvida é amor. Terrível e cruel. Não me perguntastes se eras bem vindo. Apenas chegastes e te alojastes em meu peito. Estúpido amor!

E quanto medo eu tenho. Medo de que não me queiras. Medo de sofrer. Medo de nem tentar, por medo.

Encaro esse amor de frente e congelo. É grande, é arriscado, é perigoso. É belo, é divino, é adorável. É olhar o pôr-do-Sol no horizonte debruçando na beirada de um abismo. É tremer com o medo de cair lá de cima, mas ainda assim querer debruçar-se mais e mais para ver melhor.

E como eu quero me debruçar sobre você. Quero me jogar nesse amor. Mesmo com medo, mesmo com todo o frio na barriga. Mesmo sabendo que a queda, do alto de um amor desses, é certamente fatal. Medo de que os sinais que tu me dá sejam pedras soltas, caindo no nada após perder o apoio onde pensava encontrá-lo.

Mas é tão bela a cena que me seduz. Impede-me de voltar atrás. De desistir e virar as costas. Não, não mais consigo virar as costas à tamanha beleza.

Feliz era quando não sabia o que era amar você! Fosse me dado um único desejo... não saberia o que fazer. Fossem dois, desejaria voltar no tempo em um instante e jamais haver lhe conhecido; e desejaria que esse instante durasse toda a eternidade, para que nunca fosse embora o meu sentimento.

A vida, afinal, parece ter uma fria tristeza embutida nela. E que é responsável por toda a beleza. Observar um campo de flores depois da chuva, refletindo os raios de Sol em suas cores através das infinitas gotas a lhe cobrir... a chuva já veio, lutou, despejou sua ira, castigou com ventos, tentou afogar. Fez muitas flores se curvarem, outras desviarem de seu caminho, algumas feridas, pétalas rasgadas, caules quebrados, raízes expostas. Mas ficaram de pé novamente. A chuva umedeceu o solo. Deu-lhes o tão desejado alimento. E depois foi-se embora. Deixou sua marca, cobrindo sutilmente a epiderme, deixando ínfimas gotículas, finas como a seda, repousando delicadamente. E veio o Sol, aquecendo, jogando um turbilhão de luzes sobre as intrépidas flores. Agora aquecidas, radiantes, energizadas, aproveitando água e luz para florescer mais ainda. Para retribuir a dádiva solar, devolvendo um arco-íris de cores, de aromas. Inundando a paisagem com uma beleza indescritível. Indescritível e efêmera. Assim como a noite veio e cessou, assim como o dia dá lugar à noite, também essas flores brilharão apenas por um tempo. Logo acabarão. Logo restarão apenas marcas. E as marcas também irão. E só sobrará a lembrança, de quem, por um instante, pode apreciar esse espetáculo. Em um breve sopro de sua vida, esbarrou com o mágico, e aquele instante se petrificou. Virou um sentimento sublime. Tornou-se lembrança. Ficaram as marcas daquele momento. Que também passarão. E a vida acabará. E tudo acabará. E tudo continuará.

Não tem como fugir da tristeza da vida. A tristeza está imiscuída em tudo que é belo. E não faz sentido a vida sem a beleza.

Assim também é o meu amor por você. Belo. Triste. Passageiro, embora ainda seja a coisa mais sólida que pode haver. Pequeno, perto do tamanho do sempre, mas enorme perto de tanto quanto posso ter. Imenso. Gigantesco. Brilhante. Maravilhoso amor. Um amor tão grande, que só consigo ver uma coisa que seja maior que ele mesmo. E isso é você. Pois, por maior que seja o amor que sinto, ele é apenas um reflexo do que emana de você!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Chain of thought

Lindo amor

já não sei quem sou

sentado à mesa

deitado na cama

refletir...

Rio de Janeiro,

tão distante, misterioso, indecifrável

um sonho nosso, sonho meu.

Cadê você?

Você viveu, você cresceu

Você morreu no sonho que era meu.

A bondade não se sustentou...

Choro sem parar, por dentro, sem que ninguém veja.

Penso, vivo, rio, me divirto.

Tantos mistérios nessa vida. Sensações a descobrir.

Uma boa angústia, que aperta o peito, mas é bonita e sublime.

Lá ao longe os prédios, tão próximos, dentro de mim.

Dentro da vida. Uma vida inteira. Fé.

Desculpe por tudo.

Só o que vale é a felicidade e o amor que nunca acabará.

O mistério continua para ser sentindo

Embora seja desfeito pela realidade.

Ainda espero te ver. E os seus olhos azuis.

Que escondem muito...

Desculpas. Peço a mim mesmo.

Por ter acreditado apenas em mentiras.

Que eu mesmo contei....

Desculpe-me, por não ter sido feliz o bastante

Para evitar que você fosse tão triste.

Por não ter sido forte o bastante

Para ajudá-la com sua fraqueza.

Por não ter sido real o bastante

Para realizar os seus sonhos...

Alcance a felicidade,

não se esqueça do mistério.

Não se esqueça do infinito.

Não deixe que a vista se canse para o óbvio.

E acredite nas ilusões mais vívidas.

O que importa é o misterioso, o despertar.

É a busca, muito mais que a conquista.

É sentar-se à mesa.

Deitar-se na cama.

Refletir.

Sonhar.

Imaginar.

...

Não me entenda errado... eu apenas te amo.